quarta-feira, 23 de setembro de 2020

O Drama de quem espera ansioso a visita de um filho….


Um destes dias almoçava em família num restaurante à beira tejo, junto a uma praia fluvial bem perto de mim…

 As grandes vidraças do restaurante permitiam-me ver a praia, a água estava ali muito perto… um idoso sentado numa cadeira, já dentro de água, com as pequenas ondas a batem-lhe nas pernas, apresentava uma expressão de felicidade e de alegria, parecendo uma pequena criança nas suas primeiras brincadeiras de praia. Ao lado, um adulto, tudo parecia ser o filho, tal o carinho e a proximidade que tratava este “velho”.

 

Esta imagem deixou-me particularmente impressionado, até de alguma forma emocionado perante o que estava a ver. Fiquei com uma vontade enorme de ir felicitar aquele FILHO.

 

Falando nesta geração que conheço melhor, verifico que a grande maioria dos pais fizeram um esforço enorme, por vezes com grandes sacrifícios pessoais para dar aos filhos todas as condições, nomeadamente dar-lhes tudo aquilo que não tiveram oportunidade enquanto crianças e jovens.

 

Trataram os filhos ao longo dos anos como verdadeiros príncipes e princesas, ajudando ainda em muitos casos a criar os netos.

 

Sacrificaram-se muito para que os filhos chegassem a "doutores" e "engenheiros", abdicando por vezes de viver de forma mais confortável para que estes pudessem estudar e vir a ter um emprego com futuro…

 

Sou de uma geração e pertenço a uma franja da população em que os pais tinham poucos recursos, por isso ainda maior foi o sacrifício, alguns criando vários filhos e onde por vezes ainda tomavam conta dos seus progenitores (a sociedade via isso como um rumo de vida natural).

 

Verificamos hoje, que um grupo significativo de PAIS (hoje avós) dessa geração foi literalmente atirada para lares. Também temos que ser verdadeiros e justos, o nosso estado ao longo dos anos também fez muito pouco para permitir que os filhos possam tomar conta dos pais num ambiente familiar, aliás como estes naturalmente deveriam ter todo o direito.

 

Estes avós, agora já sem forças, velhos, muitas vezes doentes, sem mobilidade, sem vitalidade, sozinhos, tristes, esperam ansiosos nos lares pela visita dos seus meninos…

 

A Pandemia tem “ajudado” muitos filhos a não ter peso na consciência, uma vez que estando as visitas dos lares proibidas, ou muito restritas, é muito fácil dizer - “não posso fazer nada”.

 

Este drama deve fazer-nos refletir sobre o futuro e esforçarmo-nos por educarmos os nosso filhos, não apenas no plano académico e moral, mas muito em particular com base nos valores dos reconhecimento e da gratidão.

 

QUE SORTE TEVE AQUELE PAI!



Vitor Carvalho

«ao lado dos jovens, não se envelhece» - Papa Francisco

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